REVISTA GRAMADO 

Impacto na conta de luz é menor em indústrias que investem em eficiência energética

Case de sucesso no setor farmacêutico envolve geração fotovoltaica e implantação de sistema inteligente de gestão de energia

Em plena era da Indústria 4.0 – ou “Quarta Revolução Industrial” – e da Sustentabilidade, os sistemas inteligentes não poderiam ficar de fora das ações de eficiência energética aplicadas no setor industrial. A busca por soluções vai desde a troca de equipamentos por outros mais eficientes até a utilização de programas que permitam monitorar o consumo de energia elétrica via internet, possibilitando, assim, o gerenciamento de gastos de uma maneira mais eficaz.

Utilizar energia de forma consciente e planejada pode resultar em uma economia significativa para a indústria. O consumo de eletricidade é bem intenso e os principais “esbanjadores” neste setor são: motores elétricos, iluminação e os equipamentos de aquecimento e de resfriamento.

Como se não bastasse todo este consumo, ainda há a questão dos reajustes tarifários, que elevam os gastos e tornam a conta de luz um peso extra nas planilhas de custos.

Quem mais sofreu com os últimos reajustes foram as indústrias do Sul do país. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou, em meados de julho, o reajuste tarifário de duas concessionárias de energia do Rio Grande do Sul e uma no interior do Paraná. Esta é a quarta revisão tarifária para a região e os novos valores passaram a ser cobrados a partir do dia 22 do mês passado.

Segundo levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), os setores mais afetados pelo reajuste são os de metalurgia, que terão o maior percentual do faturamento comprometido dentre os segmentos da indústria de transformação.

“Hoje, boa parte delas tem resultado operacional que não supera 3% de tudo que é comercializado”, lamenta Edson Campagnolo, presidente da Fiep, destacando que estes aumentos reduzem a competitividade e criam mais entraves no ambiente interno e na concorrência com os produtos importados.

Neste cenário de crise e reajustes, quem sofre menos impacto são as companhias que já investem em ações de eficiência energética e adotam recursos e sistemas que diminuem consumos e, consequentemente, gastos.

Eurofarma: case de sucesso em ações de eficiência energética

A Eurofarma é um exemplo de empresa que participa e investe em ações de eficiência energética há alguns anos, contribuindo na preservação do meio ambiente e, de quebra, reduzindo custos com energia elétrica. Não à toa, foi  a única farmacêutica bicampeã com o prêmio Guia EXAME Sustentabilidade, nos anos de 2013 e 2015, e destaque em gestão de água, em 2016.

O compromisso sustentável desta indústria brasileira, presente em 20 países da América do Sul, Central, Caribe e África, começa em 2012, na Rio +20, ao participar do Encontro da Indústria para a Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Neste evento, se uniu a outras 16 companhias, na assinatura do documento “Compromissos e demandas para a construção do futuro que queremos”, apresentado pelo Instituto Ethos.

A partir de 2014, a Eurofarma instituiu o Comitê de Conservação de Recursos Naturais para atuar na identificação e implementação de oportunidades em relação aos aspectos de água e energia, em busca de soluções eficientes do ponto de vista ambiental e financeiro.

As mudanças aconteceram já a partir daquele ano. Primeiro, foram implantadas ações relacionadas à otimização do consumo de energia por meio da modernização do sistema de iluminação, mediante o uso e expansão de lâmpadas led.

“Devido a maior durabilidade de horas de uso das lâmpadas led, otimizamos hora de trabalho de nossa equipe interna em relação a troca de lâmpadas”, diz André Avelino, Gerente de Engenharia Corporativa da Eurofarma.
Ainda em 2014, foi dado início ao projeto de energia fotovoltaica, com a substituição do sistema convencional de iluminação externa (postes) por módulos fotovoltaicos. Nos 2 anos seguintes, o processo avançou com a ampliação deste sistema fotovoltaico em telhados e a cobertura do edifício que abriga o Centro de Distribuição, com 720 painéis capazes de gerar 180 kWp de energia obtida diretamente da energia solar, a melhor opção de energia limpa disponível. De 2014 até 2016, a Eurofarma investiu R$ 2,6 milhões no projeto.

“Atualmente, o sistema de geração fotovoltaica está implementado em nossa principal unidade, localizada em Itapevi, responsável por cerca de 80% da produção industrial. Quando estiver integralmente concluído, deve suprir 10% da demanda daquela Unidade, com geração de 2 MGWh (novo limite estabelecido pela Aneel em 2016) e R$ 19 milhões de investimento”, estima André Avelino.

A redução no consumo de energia elétrica foi registrada no último Relatório Anual da companhia. Se em 2015 foi consumido 241.511 GJ, este número caiu para 218.877 GJ, em 2016.

Sistema inteligente de gestão de energia
O projeto, segundo o engenheiro, agrega valor ao negócio e está alinhado às metas de ecoeficiência, que abrangem o uso de novas tecnologias para reduzir o impacto ambiental das atividades da empresa, ampliando a contribuição de fontes renováveis na Matriz Energética da companhia. Paralela à otimização do sistema de geração de energia da farmacêutica, foi contratado um serviço de monitoramento de energia, com a instalação de uma ferramenta inteligente, que funciona via internet: o Follow Energy. Primeiro foi instalado na unidade de Itapevi, e, depois, em Campo Belo.

“Utilizamos o sistema para visualizar o consumo de energia por bloco produtivo”, explica o gerente.

“O sistema pode medir e apontar os resultados das ações de eficiência energética que a empresa implementa”, declara Maurício Villar, Consultor de Negócios da ACS Automação, responsável pela implantação do sistema na Eurofarma.
Para concluir, André Avelino afirma que o gerenciamento de energia se mostrou essencial no sucesso do projeto de eficiência energética da farmacêutica.

“É importante podermos identificar o consumo de energia da companhia, mapear onde está sendo gasto e visualizar se há áreas com consumo excessivo”, finaliza.

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